terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sobre Como proceder . . .



(Artigo: A Juventude no Centro Espírita)
Tantas e tantas vezes se ouve falar que os jovens herdarão o mundo. Não há certeza maior que essa, afinal, não há gerações perpétuas.

Seja em um pequeno núcleo familiar, em uma empresa ou em altos postos de governos, não há como impedir que o tempo siga seu curso pelo simples desejo de se manter indefinidamente numa posição. Ao contrário, as gerações se sucedem como parte da Lei Natural de Deus (Lei do Progresso), renovando-se constantemente, dando continuidade ao trabalho que foi construído e desenvolvido por seus antecessores. As sementes plantadas florescerão em cada nova primavera, perpetuando a espécie conforme a herança transmitida aos seus genes.

Não há como e nem deve ser esquecida a juventude espírita quando se fala de sucessão do mundo e, mais especificamente, da direção de uma Casa Espírita. Herdeiros dos ensinamentos e responsáveis pela continuidade do trabalho já concretizado, as crianças e os jovens que participam dos grupos de evangelização e mocidades espíritas devem ser preparados para a participação nas atividades dentro da instituição da qual são integrantes. Até aqui, esse raciocínio está de acordo com o entendimento comum. Entretanto, a questão é: na realidade, como os jovens espíritas estão sendo tratados por seus dirigentes?

Não é raro observar Centros Espíritas que, embora mantenham ativos seus núcleos doutrinários direcionados aos jovens, não os integram nas atividades práticas oferecidas acreditando que, ou ainda não estão capacitados para o entendimento da orientação pública, ou não levam jeito para participar dos diversos trabalhos desenvolvidos.

Certa vez, fomos consultados por um dirigente de mocidade que pedia orientação sobre a melhor forma de integrar os jovens de seu grupo nas atividades da casa. A princípio, tal solicitação pode parecer estranha, mas o problema é muito mais comum do que se imagina. Exemplos são muitos, que citamos: a escolha dos horários dos encontros diferentes do chamado "horário nobre" das atividades da casa; ausência nos trabalhos direcionados ao público (atendimento fraterno, cura, reuniões públicas, etc); atividades assistenciais; enfim, os jovens são apartados desses importantes momentos da prática espírita simplesmente por não serem valorizados ou estarem desacreditados de seu precioso potencial.

Dentro do trabalho de divulgação, as mocidades e grupos de evangelização até são convocados para apoio, como grupos teatrais, musicais e artes em geral, corais, dentre outros, mas, ainda sim, não é dada ao jovem a oportunidade de sentir-se integrante ativo dos trabalhos institucionais.

Um problema que se vê com freqüência dentro dos grupos juvenis é o desinteresse pelas aulas puramente teóricas dos postulados doutrinários. A evasão torna-se cada vez maior devido ao estímulo do mundo exterior, que apresenta-se mais atrativo, forçando os dirigentes a serem mais criativos no entretenimento para prender a atenção dos jovens, esquecendo-se que estes desejam, mais que a diversão e malabarismos, a valorização de seu potencial, a exploração dos novos ambientes e a superação dos desafios, "em uma palavra", como sempre diz Kardec, desejam ser sempre úteis e mais produtivos.

Nos dias atuais, os jovens conquistam cada vez mais direitos que lhes permitem expressar sua opinião perante a sociedade – na área política, educacional, familiar, econômica, dentre outras –, pois, diferentemente do passado, apresentam-se mais conscientes e ativos. Sendo assim, por quê não ouvi-los e trabalhar com eles e colocá-los dentro dos ambientes espíritas? Eis o desafio aos dirigentes.

Charles Darwin, naturalista britânico do século XIX, falava sobre a evolução das espécies, onde cada novo ser, pela influência do meio e necessidade de adaptação a ele, desenvolvia características próprias para que sobrevivesse e se reproduzisse no novo ambiente. Assim como os seres estudados pelo notório observador, os jovens também são novos seres que vão renovando os padrões do meio em que vivem trazendo idéias e vigor para a realização de novos empreendimentos.

Sob a aparência frágil e dependente, há na juventude espíritos imortais, dotados de personalidade, maturidade, intelecto e tendências que devem ser estimuladas, direcionadas e, principalmente, aproveitadas para que o mundo e a instituição não sejam apenas herdados, mas transformados e renovados por esse potencial que espera sua vez para se fazer ouvir.

(André Luiz Rodrigues - enviado pelo autor e publicado também no jornal sobre jovens espíritas – Fala Meu! - SP - publicado no blog jovem ESPNET-CVDEE)